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Mamãe Piloto: A Arte de Equilibrar Voos e Maternidade

Neste Dia das Mães (12), enquanto muitas mães desfrutam de um momento de descanso e celebração, a Mamãe Piloto, Tatiana Mônico, aos 38 anos, vive a rotina dinâmica e desafiadora que caracteriza a vida de uma piloto de avião. Moradora do Rio de Janeiro, ela compartilha seu tempo entre as cabines dos Boeing-737 e o lar, onde aguardam ansiosos seus dois filhos.

Tatiana não é apenas uma piloto experiente, mas uma mãe dedicada. Desde a adolescência, ela traçou o caminho que a levaria aos céus do Brasil, obtendo sua licença de piloto aos 17 anos, antes mesmo da carteira de motorista. “Quando engravidei da Luna, havia completado 5 anos de empresa, já pilotando o Boeing-737”, conta ela.

Apesar dos desafios, Tatiana e seu marido, Mário Lima, um designer gráfico, assumem juntos a responsabilidade da criação de seus filhos, ambos no espectro autista. “Eu sempre falo que quem quer dá um jeito e quem não quer arruma desculpa. É totalmente possível. Muitas mulheres me perguntam se tem como ter família. É claro que tem!”, afirma Tatiana com determinação.

A chegada de Luna, seguida dois anos depois por Eric, não diminuiu o ímpeto de Tatiana pela aviação. No entanto, ela reconhece que a maternidade trouxe desafios adicionais, especialmente no que diz respeito à sua carreira. Na aviação, as mulheres grávidas são automaticamente retiradas da escala de voos assim que a gravidez é confirmada. Tatiana experimentou isso em primeira mão quando engravidou de Luna: “Quando ela nasceu, entrei no período de licença-maternidade.”

Após seis meses de licença, férias e treinamento, Tatiana retornou ao cockpit, mas não sem sentimentos conflitantes. “Ela já tinha uns 8 meses de idade, e foi um pânico de sair de casa. Um sentimento de estar abandonando, mas sempre foi o meu sonho pilotar avião”, lembra.

O apoio da empresa, por meio de programas de amamentação e escalas especiais para mães, foi fundamental para conciliar a maternidade com sua paixão pela aviação. A “escala-mãe” permite que Tatiana volte para casa diariamente e limite sua jornada de trabalho a oito horas, garantindo assim tempo de qualidade com sua família.

No entanto, os primeiros pernoites longe de casa foram desafiadores para Tatiana, que se viu recorrendo a pequenos rituais para se sentir mais perto de seus filhos. “Levei uma roupa dela para ficar cheirando. Foi a primeira vez que passei uma noite longe dela, e passei chorando, abraçada com a roupinha”, compartilha.

Embora a aviação ainda seja predominantemente masculina, Tatiana destaca os avanços conquistados pelas mulheres na profissão. “Parte dos benefícios para as mães piloto ou tripulantes dependem das companhias aéreas”, explica ela, referindo-se aos direitos trabalhistas que permitem conciliar carreira e maternidade.

À medida que Luna e Eric crescem, Tatiana os envolve em sua vida profissional, compartilhando com eles sua paixão pela aviação. “Para Luna, sempre mostrei que amo o que faço e que é importante. Ela sentia a minha saída, mas eu não saía chorando – sofria depois. Ela entendia bem. Já o Eric, como o grau de autismo é mais elevado, fica mais tranquilo quando me vê saindo, ou quando estou colocando o uniforme”, descreve Tatiana.

A determinação e coragem de Tatiana inspiram não apenas seus filhos, mas também outras mulheres que aspiram seguir carreiras não tradicionais. Como a própria Luna expressou, o exemplo de sua mãe a inspirou a sonhar alto. Quem sabe, em um futuro não muito distante, veremos mais mulheres pilotando os céus, seguindo os passos valentes de Tatiana Mônico.

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